terça-feira, 7 de maio de 2013

A balança

Eventualmente este momento tinha de chegar um dia.
Pela primeira vez na minha vida, enquanto me estou a pesar na balança da casa de banho, a Joana chega junto de mim, olha para o meu peso, inalterado desde a última pesagem, e diz: que inveja! 

terça-feira, 16 de abril de 2013

A idade dos porquês


Já sei que as crianças passam pela fase dos porquês: um período em que colocam perguntas em catadupa que eu vou re-direcionar para a mãe sem sequer prestar atenção ao assunto. Mas porque é que o período das perguntas já começou ainda antes da criança nascer?
É menino ou é menina? Porque é que ninguém se cala com esta pergunta? O pior é quando perguntam "qual é que preferes?" Num restaurante perguntam-me se prefiro branco ou tinto. Faz sentido eu posso escolher, mas porque é que me perguntam se quero rapaz ou rapariga, vão-me ajudar por acaso a satisfazer a minha preferencia? Quer branco ou tinto? Quero branco. Que pena, só temos tinto.
Não faz sentido nenhum. Aqui à dias disse a um amigo se é para escolher, prefiro uma rapariga,  e ele respondeu fazes mal, as raparigas são mais difíceis de educar. A sério? Obrigado pela ajuda. Preferes rapaz ou rapariga? Prefiro escolher os números do Euromilhões, dás uma ajuda com isso?
Mas a pior pergunta de todas é Então vão ser pais, sim senhor, parabéns. (Reparem no parabenizar e na pausa antes de lançar a estocada) Mas foi de propósito ou aconteceu? Foi sem querer. Estávamos a andar de mota, e numa travagem brusca aconteceu, mas não foi de propósito!

sábado, 13 de abril de 2013

IKEA 3


É fim-de-semana.
Cada vez que abro o manual de instruções para montar um conjunto de tábuas e parafusos que vai, eventualmente, resultar num móvel Ikea, questiono-me sobre que povo pré-histórico foi o autor dos pictogramas que me deveriam ajudar a juntar as várias peças num todo. Ultimamente as compras tem-se centrado no quarto do bebé, e os desenhos são de tal forma indecifráveis que me pergunto se servem de facto para ajudar na montagem ou se simplesmente se destinam às crianças, para elas colorirem. 
No último artigo que comprei, estes hieróglifos eram de tal forma indecifráveis que eu decidi investir o dinheiro que poupei na compra de um móvel a sério numa chamada internacional para o Dr. Robert Langdon, cujo trabalho a decifrar simbolos tanto me impressionou no Código Da Vinci. Quem me atendeu foi a secretária. Disse-me que o honorável doutor não estava disponivel desde a sua última visita à Suécia, de onde trouxe um precioso manuscrito que desde então se dedicou a estudar e decifrar. Eu desconfio que se trata do manual de montagem de uma estante da linha BESTA (que é o que me sinto)!

terça-feira, 9 de abril de 2013

Grávidos!


Desde o primeiro dia da gravidez que passei a dizer a que estamos grávidos.
Esta forma de falar surgiu-me de um impulso totalmente altruísta: quando todas as pessoas à nossa volta parabenizavam apenas a Joana pela gravidez e eu era deixado a um canto sozinho e abandonado para morrer, à fome e sede de mimos. A Joana também gostou da ideia de estarmos grávidos, e assim nós continuamos a referirmo-nos à gravidez. Até hoje.  
Hoje eu cheguei a casa completamente farto de Deus e do mundo, por isso fui directo à garrafeira e escolhi um bom tinto do Douro. Respirei fundo, desliguei o telemóvel e esqueci-me de onde tinha o portátil. Deitei comida ao gato, para não me chatear, abri um frasco de azeitonas e voltei a fechar porque me fez lembrar a comida do gato, e por isso preferi um fatia de queijo e um pouco de broa de milho. Peguei no saca rolhas e estava a preparar-me para abrir a garrafa quando a Joana entra na cozinha e, encostada à moldura da porta, diz, com a maior calma e ironia do mundo, não podemos, estamos grávidos… Todo o peso da co-responsabilidade da gravidez caiu então sobre mim, e foi como se o mundo todo, ou pelo menos os países do Benelux, tivesse ruído por debaixo dos meus pés. 
Argumentei, claro que argumentei. Que na realidade ela é que estava grávida e não eu. Que aquilo era apenas uma força de expressão sem sentido prático nenhum e que eu beber vinho em nada afetaria o bebé, mas é claro que o resultado foi eu ouvir um discurso com mais de trinta e cinco mil frases, das quais só recordo vagos ecos de palavras como responsabilidadesolidariedadesacrifício, conjunto, sexo, consciência e Manchester United (no final acho que já só estava a ouvir a tv da sala).
Se até ao dia de hoje eu tinha dificuldade em contar a gravidez em semanas, agora vou passar a contar o meu drama em dias. Como um alcoólico anónimo prestes a receber uma medalha pelo tempo de abstinência.  

quarta-feira, 27 de março de 2013

Pré-mamã


Tanta loja com roupa pré-mamã e nem uma com roupa pré-papá! 
O mundo é feito para mulheres.

terça-feira, 26 de março de 2013

Barriga com custódia partilhada


Bem sei que, em caso de separação dos pais, a custódia dos filhos, e todos os direitos e deveres que daí resultam, são, em último caso, decididos em tribunal por um juiz. Até aí é tudo muito claro. 
Questiono-me sobre o que acontece se, durante a gravidez, um casal decide separar-se. O pai tem ou não o direito de tocar na barriga da progenitora? Esta é uma questão que muitos homens gostariam de ver respondida! É que, durante os vómitos, tonturas, enjoos, dores de cabeça, dores de costas, aborrecimento simples, má disposição moral, má disposição imoral, achaques de toda e qualquer ordem, ataques de choro, depressões, impressões e outras questões, nós temos, muitas vezes, a vontade de pedir um divórcio até ao fim da gravidez, pelo menos, com direito a umas 2 horas semanais para estar com a barriga, tocar-lhe e falar com o bebé. Já alguém pensou nos direitos dos homens nestes momentos!? 
Consultei a declaração dos direitos humanos, mas é omissa.   

IKEA 2

Um estudo realizado por uma conceituada universidade de uma rua interior de Alandroal, acaba de concluir que 96,72% dos problemas nos meniscos, nos joelhos, em individuos do sexo masculino entre os 25 e 45 anos é provocado por uma frequência elevada de visitas ao IKEA.